Desabafo de uma Professora

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Oi, pessoal.

(Já estou de "saco cheio", mas não adianta: é preciso continuar na luta pelo meu direito que já está garantido na Lei! Não estou pedindo aumento ao Governador do Estado, estou pedindo o cumprimento da Lei!)

Cheguei há pouco do STS. Estou em casa com dor de cabeça e tontura. Sei que é a pressão desta política mal feita, deste mau-caratismo sem limite! Não quero encher este e-mail de palavrões, não posso e não quero perder a linha, mas como já disse antes, estou no limite.

Fiquei pensando ontem: caminhoneiro que para, não dá uma semana, resolve o problema, pois o país para junto. Professor para, o Brasil continua, não muda nada. Governo nenhum preocupa-se com a educação mesmo. Só a maioria dos pais saem irritados: não dão conta dos filhos em casa é que ficam contra o movimento e saem falando mal dos professores, chamando-nos de vadios! é pra morrer!!

Estive conversando com o Comando de Greve, reunido lá, aguardando retorno do pessoal que está, ainda, em Florianópolis, na ALESC.

Enquanto estava conversando, entrei para ver minha folha de pagamento no site da SED (Secretaria da Educação e do Desporto).

O Governador Raimundo Colombo cumpriu mesmo com a sua palavra: pagou o piso! É, gente, pagou o piso! Legal, não?!

Mas DESCONTOU OUTROS VALORES QUE EU JÁ VINHA RECEBENDO E NÃO FORAM INCORPORADOS AO SALÁRIO e, ainda por cima, vieram DESCONTADAS 22 (VINTE E DUAS) FALTAS.

Ou seja, na fala popular, "despiu um santo para vestir o outro", ou ainda, "deu com uma das mãos e tirou com a outra". Isso não se faz!

Mas, sabem por quê?

Pressão para que voltemos às salas de aula, com as orelhas baixas e o "rabinho" entre as pernas.
Estou preocupada. Em outras greves, era isso que fazia a greve esmorecer. Afinal de contas, sem dinheiro, professor não come! É muito triste!

Como se já não bastasse este Governo descumprir a Lei Federal, passando como um trator por cima do Plano de Carreira, ele resolveu descumprir mais uma lei!

LEIAM E VEJAM SE DÁ PARA ACREDITAR NISSO:

Na quinta-feira passada, todas as escolas estaduais receberam orientações por um e-mail, solicitando e explicando aos diretores como lançar as faltas dos professores em greve, no tal "Sistema Informatizado" do Estado.

Este e-mail alegava que todos os professores em greve das Unidades Escolares Estaduais, desde 19 de maio a 10 de junho, deveriam ser registrados até o meio-dia da última segunda-feira. Ou seja, "a toque de caixa"! Às pressas. Este prazo foi delimitado pela Secretaria de Administração, a fim de fazer o desconto em folha!

E foi o que aconteceu. Quando abri minha folha de pagamento hoje, estavam lá: 22 dias meus descontados! Rápido para resolver isso, não?! Quando é desconto, não precisa discutir nada, nem demora!

Incrivelmente, pessoal, este tal "Sistema Informatizado" é o mesmo em que os professores deveriam incluir as notas dos alunos para fazer os boletins, mas que não funcionou nenhuma vez, desde o começo do ano!!! PODE ISSO? Mágica! Engraçado que, para lançamento de notas não funciona, só para lançamento de faltas!

Só para lembrar, existe a Lei Federal 7.783, de 28 de junho de 1989, Parágrafo 17, a qual dá direito garantido e total à greve e assegura aos professores o recebimento dos salários durante TODO o período de paralisação, desde que com um calendário de reposição de aulas, o que sempre foi providenciado após as greves.

Agora, com desconto, a greve continua e corremos o risco de termos o ano letivo inviabilizado e ainda o Governo corre o risco de ter outro processo.

Se o Sinte abrir para os professores entrar coletivamente com processo de ressascimento dos dias parados na justiça, vou entrar. Mais um processo para mim não é o problema.

Já estou lutando há três anos pelo meu PRÊMIO EDUCAR que ainda não vi um centavo. Mais um só vai acumular valores. Que fiquem para os meus netos, mas não para estes vagabundos!

Nara